terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

CINE MÉNAGE: Entrevista com o Vampiro (Interview with the Vampire)



(Por Jabs Barros)

Devo começar falando que o filme é uma adaptação de um livro, que por esse fato já desperta o interesse de muitos. Todo mundo é crítico de filme que foi baseado em um livro e quase sua totalidade de observações apenas frisam que: "Gostei do livro. Do filme não". Uma vez que os suportes para se contar uma história são diferentes, as observações e a forma como ela será contada também será diferente. Nunca esperem ver no cinema o deslumbre que você imaginou, com sua mente fértil, ao ler o livro. Ponha menos adubo, vá com menos expectativa e conseguirá ver com bons olhos o que o diretor tentou focar.

Porém, essa obervações negativas não colam muito nesse filme. A maioria das pessoas que leram o livro, conseguem também gostar do filme, concordando que o direcionamento foi bem aplicado nos dois suportes. Eu, particularmente, sou muito fã do filme, está em minha lista de filmes de vampiros como o segundo melhor, pois o primeiro é "Drácula de Bram Stoker". O motivo? Francis Ford Coppola consegue utilizar grandes recursos de imagem para mostrar batalha e situações de suspense que dão um toque mais sombrio ao filme. Sem falar que o enredo é bem mais complexo e bem aplicado em cenários que levam o telespectador a viajar naquela época.

Entrevista Com o Vampiro é um filme que fala sobre perdas, solidão e medo do futuro. Tudo muito bem representado pela fantástica interpretação doa atores que dão vida de forma magnífica a seus personagens. Desde os principais, aos coadjuvantes. Todos impecáveis. Tudo característica humana, porém, mostradas com vampiros. O homem nasce e, ao longo de sua vida, precisa tomar muita decições. A maioria delas não estão de acordo com seus prazeres, e sim, com a convenção social de que as pessoas precisam se enquadrar. Perdemos coisas, pessoas, muitas vezes estamos sozinhos, mesmo rodeado de pessoas, mas sozinhos para tomar decisões difíceis, pois tudo o que fazemos hoje são incertezas do que virá amanhã.

Os novos filmes de vampiros tentam sempre trazer algo novo para o gênero, porém, a aceitação pelos apreciadores mais antigos não são as melhores. Vampiro que é vampiro desintegra, vira cinza em contato com os raios do sol, não brilha. As novas gerações são as que mais apoiam essas novidades. Esse filme já traz algumas novidades com relação a crucifixos, estacas... mesmo assim não perde a sua beleza vampiresca que faz dele um dos melhores de todos os tempos.

Uma cena impressionante e que vale a pena frisar, é o momento em que Lestat transforma Louis em vampiro. Ele escolhe um homem que havia perdido bens e pessoas, um homem que já não se conhecia e não se sentia parte daquele mundo para tranformar em vampiro, para dar uma nova oportunidade. Após a tranformação, a primeira coisa que Lestat pede é que Louis olhe com seus olhos de vampiro. Um novo olhar, uma nova perspectiva sobre as coisas. É a busca humana. É querer descobrir novas formas de se viver, sair da rotina. É trazer inovação para o seu dia a dia e descobrir novos motivos sempre. Mas será que isso é bom? Para os homens, talvez. A vida é curta e tudo tem que ser bastante aproveitado. E para quem vive eternamente? O novo é a mudança, mas logo depois vem a perpetuação da mesmice. Aí advém os problemas. Por mais benéfica que seja uma escolha, novas escolhas, novos caminhos virão e nem sempre são os mais agradáveis. Louis agora precisaria matar pessoas, por mais árduo que seja, era um mal necessário. Instintivo.

As pessoas procuram fingir sobre si mesmas. Mostrar aos outros o que não são, mas o que eles querem que elas sejam. Isso fica evidente em um diálogo onde Louis diz que os escravos sabem sobre eles, pois veem eles comendo em pratos e copos vazios. Uma prática que eles fazem apenas para manter a tradição de estar todos à mesa. Uma cena parecida pode ser percebida em uma série americana chamada "In The Flash". Um filho tenta retornar à sua vida após se tranformar em um zumbi, toma remédios que tira todo o seu instinto selvagem, mas que não o fará voltar a comer frutas ou verduras. Mas ele senta à mesa e finge comer apenas para agradar aos pais. É típico do homem viver em prol dos outros.

Ponto alto do filme, na minha humilde opinião, é a passagem da garotinha Cláudia. Ela mostra que a maturidade está além de mudanças físicas. Uma adulta condenada a viver por toda a eternidade em um corpo de criança. Todos os questionamentos de uma criança ao atingir a puberdade não estão presentes, porque as mudanças no corpo não existem. Ou seja, tudo é inverso. Eu não quero saber o porquê de ter menstruado ou adquirido seios, eu quero saber o porquê disso não acontecer comigo. E as reviravoltas são as mais impressionantes em torno do tema. Porque é nela que a busca pela descoberta de si mesmo está mais focada quando todos vão ao "novo mundo" em busca dessas respostas. É quando entra Armand, Antônio Banderas.

Paro por aqui, pois o filme ainda tem tanta coisa pra mostrar e na metade dele eu ja tenho informações suficientes para mostrar que esse será eternamente um clássico que merece um espaço em nossos arquivos de filmes.



(Por Vivian Melo)

Este filme é baseado em um livro de mesmo título de uma escritora americana, Anne Rice, e a mesma escreveu o roteiro. Não li o livro, então não haverá comparações, só estou observando o filme. O filme é sensacional. Aborda a crise interna ou existencial, os "porquês" da vida de um vampiro. Uma semelhança ou puramente igual aos "porquês" dos seres humanos. 

O personagem principal chama-se Louis, interpretado pelo ator Brad Pitt, perde sua mulher devido a complicações no parto. Ele fica totalmente perdido e sem vontade de viver. Então, notando essa descrença na vida, o vampiro Lestat (Tom Cruise) oferece uma escolha, a morte ou a transformação. Louis escolhe a transformação. (Nessa parte do filme, o espectador se pergunta: Por que ele escolheu a transformação se o seu desejo era a morte?)

Depois da escolha feita, Louis é transformado em vampiro e se arrepende. Não quer se alimentar de humanos, fica lutando contra a sua própria natureza. Procura sobre a origem dos vampiros, quem os criou, se são diabólicos ou divinos. Sempre em busca de respostas que não terá. "você reflete a decepção, um vampiro com alma humana" (Armand, o vampiro mais velho do mundo, fala para Louis).

É excitante, contagiante ver um filme com uma ótima estória, mostrando os vampiros de forma tradicional, com cenários obscuros e a forma de "caça" dos vampiros, sendo realizada pelo uso do poder, do seu status na sociedade e da sua sensualidade para atrair as "presas".

A melhor atuação de Kirsten Dunst e de Tom Cruise que eu já assisti. Tom Cruise interpreta um personagem sarcástico, egocêntrico, instintivo... Um vampiro clássico. Kirsten interpreta uma criança vampira que questiona o porquê de não se tornar uma mulher adulta, de não ser uma pessoa normal. 

O momento êxtase do filme é a música "Sympathy For The Devil" do Rolling Stone tocada pelo Guns N' roses. A música é perfeita para o filme, foram feitos um para o outro.

Enjoy!



(Por Amanda Gomes)

Crepúsculo é um filme baseado num livro... Ops! Filme errado. Antes que eu seja criticada pelos fãs de Entrevista com o Vampiro e seguida por centenas de adolescentes fãs da tão melosa saga... NÃO, definitivamente NÃO, estou comparando os dois. Mas tenho certeza que em algum momento, enquanto estava criando seus vampiros que, diga-se de passagem, não mordem ou sugam, Stephenie Meyer pensou em Entrevista com o Vampiro. 

O que quis dizer com toda essa introdução é que este filme marcou o cinema no que diz respeito a estes seres. Vampiros são seres mitológicos que se alimentam da vida dos seres vivos, através do sangue, Desde o inicio do cinema, filmes sobre esses seres veem sendo produzido, Nosferatu de 1922 já contava a história desses seres. Tá, mas onde é que entra a historia de ser “um marco na história do cinema”? Simples, se antes a maioria dos filmes retratava os vampiros como seres horripilantes, quase zumbis, depois de entrevista com o vampiro, estes seres se tornaram atraentes, sociáveis e desejáveis. 

Isso foi acentuado pela presença de Tom Cruise, Brad Pitt e Antônio Banderas. Cara, eu tinha uns 10 anos quando assisti esse filme pela primeira vez e a única coisa que consigo me lembrar é como eu achava eles lindos e sensuais.
Foco... foco... foco...

Embora se passe, em grande parte, no século 18, a entrevista é no final do século 19. A cena inicial do filme é bem clássica de filmes dos anos 90, pessoas caminhando na rua, encostadas nas paredes dos prédios, atravessando faixas, fumando e loucos falando sozinhos. O que diferencia essa cena de um filme para outro é o horário, se o dia está claro ou se é noite, e a trilha sonora.

Bom, o filme conta a historia de Louis, um vampiro criado por Lestart. Se por um lado Lestart acredita que deu a “vida” a Louis, este acredita estar condenado ao inferno e vive uma crise existencial de recém-criado, muito retratada nos filmes e séries sobre vampiros deste século. O “piti” de Louis dura o primeiro terço do filme e nos da a oportunidade de ver uma das melhores interpretações de Tom Cruise que chega a babar de tanto ódio em um acesso de raiva.

Embora Lestart não tenha escrúpulos e seja extremamente egoísta, aparentemente ele cria Louis visando ocupar uma pequena lacuna em sua existência sem sentido. Ele quer ensinar, dar a alguém a oportunidade que ele não teve, de aprender a viver como vampiro. Cria um vampiro para se satisfizer, porém se sente extremamente frustrado quando percebe que seu novo amigo não quer beber sangue humano e se alimenta de animais.

Em uma atitude desesperada, cria Claudia, uma menininha para compor a família feliz de vampiros e dar sentido a vida de Louis. Kristen Dunst criança, que é mil vezes melhor que a Kristen Stewart adulta (juro solenemente que vou parar de mencionar crepúsculo quer seja direta ou indiretamente), dá um show de interpretação como a vampirinha maliciosa e ardilosa que se torna, 30 anos depois, a perdição de Lestart.

O filme é um ótimo manual para aqueles que querem fazer filmes sobre vampiros de verdade, que se alimentam de sangue de seres humanos, que são cruéis, dormem em caixões e queimam no sol, para os vampiros contemporâneos, que querem sobreviver na cidade aprender a se comportar sem ser identificados, para as adolescentes que estão esperando um vampiro cruzar seu caminho e se apaixonar (só que não mesmo!), e uma ótima diversão para as pessoas normais que curtem filmes de qualidade.



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